O custo de uma ilusão

Você sabe quanto custa nos levar a crer que vivemos em uma democracia?
Consegue imaginar, tem idéia, de uma maneira melhor de gastar esse dinheiro, de modo a trazer efetivos benefícios à população?

Pois é. Eles não têm essa idéia ou não têm essa preocupação. Ou ambos.

Do Última Instância. Confira.

O custo total da campanha dos candidatos nas eleições de 2010, considerando apenas o primeiro turno, chegou a R$ 2,77 bilhões, segundo levantamento divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor equivale a metade de tudo que será gasto em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a reforma dos aeroportos visando a Copa do Mundo de 2014.

As prestações de contas apresentadas ao TSE apontam um gasto médio de R$ 20,41 por eleitor. A conta não inclui os candidatos que concorreram no segundo turno à Presidência da República e ao governo de oito Estados e do Distrito Federal. Esses têm até esta terça-feira, dia 30, para prestar contas à Justiça Eleitoral.
Os números, no entanto, são maiores do que o divulgado, já que a pesquisa inclui despesas de comitês financeiros e partidos políticos, as chamadas doações ocultas.

O Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral (concentra 22,31% do eleitorado nacional), teve também a campanha mais cara. Os 2.552 candidatos paulistas gastaram R$ 482,04 milhões. Com 30.301.398 eleitores, a campanha em São Paulo teve um custo médio de R$ 15,91 por eleitor. Em segundo, ficou Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, onde a campanha custou R$ 336,65 milhões, com gasto médio de R$ 23,18 por eleitor. Na sequência ficou o Rio de Janeiro, terceiro colégio eleitoral – R$ 211,62 milhões, média de R$ 18,26 por eleitor.

Os dois Estados que apresentaram menores gastos de campanha ficam na região Norte do país. No Amapá, 237 candidatos prestaram contas revelando gastos de R$ 12,13 milhões. Mas esses números devem crescer, já que a eleição para governador foi decidida apenas no segundo turno. O segundo estado com menor despesa foi o Acre: R$ 15,2 milhões gastos por 315 candidatos. O estado tinha 470.975 eleitores aptos.

Proporcionalmente ao número de eleitores, contudo, o recorde de gastos foi em Roraima, estado com 271.890 pessoas inscritas no cadastro eleitoral. Os 413 candidatos que prestaram contas em Roraima declararam custos de R$ 26,18 milhões.  A média por eleitor ficou em R$ 96,30. Também houve segundo turno no Estado.

Congresso caro

As disputas para os cargos de deputado federal e deputado estadual/distrital foram as que mais despenderam recursos em valores absolutos. Em todo o Brasil, as eleições para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Legislativas, de acordo com os dados prestados pelos próprios candidatos, resultaram em gastos da ordem de R$ 1,83 bilhão, ou 66,13% do total de R$ 2,77 bilhões gastos por todos os candidatos que disputaram o primeiro turno.

Para tentar uma das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, 4.658 candidatos em todo país declararam à Justiça Eleitoral gastos que somaram R$ 908,20 milhões. A despesa média foi de R$ 194,98 mil por candidato e de R$ R$ 6,70 por eleitor. Goiás foi o estado que teve a maior despesa média por candidato – R$ 488,27 mil, resultado dos gastos de R$ R$ 55,17 milhões feitos pelos 113 candidatos que prestaram contas. No cálculo por eleitor, Roraima teve a eleição mais cara para deputado federal: foram gastos, em média, R$ 48,26 por eleitor.

Para o Senado, 248 candidatos prestaram contas, informando a realização de despesas de R$ 353,46 milhões, média de R$ 1,43 milhão por candidato.  Para a Câmara Alta, a eleição em todo Brasil custou, em média, R$ 2,61 por eleitor.

Os dez candidatos ao Senado pelo Rio de Janeiro que prestaram contas revelaram gastos de R$ 31,58 milhões, uma média de R$ 3,16 milhões por candidato, a mais alta do Brasil. Os 5 concorrentes ao Senado pelo Acre, por outro lado, revelaram gastos de R$ 523,98 mil, o que dá uma média de R$ 104,80 mil, a menor de todos os estados.

Com média de R$ 13,57 por eleitor, Roraima apresentou a eleição mais cara do país nesse quesito. E no maior estado da federação em número de eleitores, São Paulo, 12 candidatos informaram despesas de R$ 27,25 milhões, levando ao menor custo médio por eleitor de todo país: R$ 0,90.

Estados

As disputas para os governos estaduais foram as que apresentaram maiores médias de gastos por candidato. 141 pretendentes revelaram, até o momento, despesas de R$ 560,52 milhões, o que significa uma média de R$ 3,98 milhões por candidato. Esses dados também devem sofrer alterações com as prestações de contas dos candidatos que disputaram segundo turno.

No cálculo por eleitor, o pleito para as chefias dos poderes executivos estaduais custou em média, até o momento, R$ 4,13.

Já para os 1.059 cargos de deputado estadual/distrital, 11,63 mil candidatos em todo o Brasil informaram gastos de R$ 924,8 milhões. Na média por candidato, a despesa foi de R$ 79,53 mil. Por eleitor, R$ 6,82. Roraima teve o maior custo médio por eleitor na disputa para a Assembleia Legislativa: de acordo com dados apresentados pelos candidatos, foram gastos R$ 32,27 por votante. A menor média foi registrada na Paraíba: R$ 3,52. Já Mato Grosso teve a eleição com maior média de gasto por candidato a deputado estadual: R$ 150,57 mil. A menor média por candidato a esse cargo foi em Roraima: R$ 25,28.

Dados

As informações utilizadas no levantamento dizem respeito apenas aos candidatos que prestaram contas à Justiça Eleitoral. A pesquisa inclui, ainda, informações de candidatos a vice-governador e a suplente de senador que apresentaram as contas de campanha. Até o momento, o sistema mostra que 16,7 mil candidatos prestaram contas referentes ao primeiro turno.

Os R$ 2,77 bilhões citados no início desta matéria incluem ainda os gastos informados pelos sete candidatos a presidente da República e respectivos vices que não participaram do segundo turno, no montante de R$ 24,44 milhões.

Mas vocês hão de convir comigo: pelo preparo e espírito patriótico desses cidadãos eleitos, valeu cada tostão, não?

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