O que deu em Lula? questiona Noblat

O Blog do Noblat questiona hoje o que deu em Lula - com um ingênuo "aleluia!!":


Aleluia! Lula reconhece o que sempre desprezou

O que deu em Lula?
Passou os últimos oito anos criticando seus antecessores por não terem tido tanto êxito quanto ele. Hoje, finalmente, em discurso de improviso feito durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com o Tocantins, Lula concedeu:
- Eu tenho consciência que outros presidentes da República não tiveram as mesmas condições que eu. O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar. 
Pela primeira vez, Lula admitiu que foi beneficiado por uma conjuntura econômica internacional amplamente favorável.
Isso não lhe tira os méritos pelo que fez de bom. E restabelece uma verdade que ele sempre procurou negar ou enfraquecer.

É simples, Noblat: Lula sabe melhor que você e eu, a cama que deixou montada para D. Dilma. Está justificando o fiasco que está por vir por antecipação. 
Em 2013, nos palanques, berrará que Dilma fez o que pôde, que a "conjuntura econômica internacional" não lhe favoreceu etc, etc, etc...  

Questão social?

A operação levada a cabo ontem no Rio de Janeiro não é solução definitiva para nada. O complexo do Alemão é apenas uma  parte do problema, e mesmo ele não estará a salvo de retrocessos se outras providências não forem tomadas, entre elas uma limpeza na própria polícia.

 Em quê, então, a operação foi tão boa ? Por que toda essa celebração ? Eu penso que ela foi ótima por três razões fundamentais. Primeiro, por sinalizar uma mudança de atitude : contra facínoras, usa-se a força, o resto é conversa fiada.

No Estado de Direito, gente com esse tipo de currículo só têm duas opções -  a cadeia ou o cemitério -, pouco importando, a esta altura,  se tiveram ou não oportunidades para viver de outra forma.

Diferentemente do que muitas vezes se afirma, o Estado democrático confere plena legitimidade aos governantes para que empreguem a força sempre que necessário.

E que necessidade maior pode haver, quando bandidos aterrorizam a sociedade, impedem os cidadãos de viver normalmente as suas vidas e tentam transformar uma porção do território num Estado dentro do Estado?

Boívar Lamounier, ontem. Leia a íntegra aqui.

Dois em Cena

Saiu no Blog Dois em Cena.


Sabe gente...

esse sumiço da presidente eleita está dando o que falar. Segundo alguns, ela tem feito visitas ao Sírio e Libanês e o povo malda, compreende? Estão até perguntando se seu novo avião terá UTI...ô raça de gente fofoqueira, né não?

A falta que a Justiça faz.

Não adianta. É preciso fortalecer o Judiciário. É preciso que os juízes trabalhem. Faltam juízes ? Contratem mais. Mas façam que os que aí estão, trabalhando num ritmo "muito próprio", com 60 dias de férias por ano, geralmente cumprindo meio expediente ou trabalhando 4 dias por semana, trabalhem efetivamente.

Sem Justiça não há paz social, não há democracia, não há segurança, não há estabilidade nas relações.

A notícia abaixo, vem, mais uma vez, mostrar que criminosos muitas vezes acabam impunes em decorrência da prescrição de seus crimes. 
Nem vou entrar - aqui e agora - na questão que crime contra o patrimônio público deveria ser imprescritível. E, a meu modesto entender, deveria.

Considerando que não seja caso de mudar a lei, se as que existem hoje fossem cumpridas, aplicadas, o Brasil seria um lugar muito melhor para se viver. E para isso, é preciso trabalho!

Da Agência Brasil.

O senador Mão Santa (PSC-PI) e os deputados federais Ciro Nogueira Filho (PP-PI) e Abelardo Camarinha (PSB-PI) não respondem mais a ações que tramitavam no STF (Supremo Tribunal Federal). Os processos, relativos a crimes eleitorais, foram arquivados porque prescreveram.

O inquérito de Mão Santa e Nogueira era o mesmo e dizia respeito à promoção de uma carreata no dia do primeiro turno das eleições de 2006, o que é proibido pela Justiça Eleitoral. Já Camarinha respondia por uma ação penal por ter por ter divulgado em propaganda eleitoral no pleito de 2006 fatos inverídicos em relação a opositores com potencial de influenciarem o eleitorado.

Segundo os relatores dos casos, ministros Ellen Gracie (Mão Santa e Nogueira) e Joaquim Barbosa (Camarinha), a pena máxima para os crimes eram de um ano de detenção. De acordo com o Código Penal, a prescrição para esses tipos de crimes ocorre em quatro anos contados da data dos fatos.

Nogueira foi eleito senador pelo Piauí e Camarinha foi reeleito para a Câmara dos Deputados após obter uma liminar do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para que a Lei da Ficha Limpa não produzisse efeitos sobre sua candidatura. Ele foi condenado por improbidade administrativa em 2008 por ter celebrado convênios ilegais quando era prefeito de Marília (SP). Mão Santa não conseguiu se reeleger.

Uma ação contra o ex-senador Wellington Salgado (PMDB-MG) também deixou de tramitar no STF, uma vez que ele voltou à suplência após o retorno de do ex-ministro das Comunicações Hélio Costa (PMDB-MG) para o cargo. O ministro Dias Toffoli encaminhou a ação que acusa Salgado de sonegação de contribuição previdenciária para a primeira instância da Justiça Federal no Rio de Janeiro porque o parlamentar não tem mais direito a foro privilegiado. Salgado não conseguiu se eleger deputado federal.

Você se lembra a quem deu seu voto?

Pois é... Mais de 20% das pessoas sequer se lembram em quem votaram!! É. Estou falando dessas eleições, últimas, outubro/novembro de 2010!!!


Em dia de eleição, a lei proíbe o consumo de álcool. Pesquisa feita pelo TSE indica, porém, que um pedaço do eleitorado pode ter votado de pileque.

Entre os dias 3 e 7 de novembro, pesquisadores da Justiça Eleitoral realizaram 2.000 entrevistas em 136 municípios.

Um pedaço do questionário destinou-se a aferir o taxa de amnésia do eleitorado. Muitos dos entrevistados pareceram sobreviventes de uma ressaca.

Diz o TSE que 23% dos eleitores já não se lembram em quem votaram para deputado estadual.

Outros 21,7% não têm a mais remota idéia dos candidatos em quem votaram para deputado federal. Senado? 20,6% não souberam declinar os nomes.

O questionário não previa, mas os pesquisadores poderiam per perguntado: A eleição foi outro dia e você já com amnésia? Decerto pensaram: Ah, esquece!

- Serviço: Aqui, a íntegra da pesquisa do TSE, cuja margem de erro é de dois pontos.


Definitivamente, enquanto o voto for obrigatório, esse País não tem jeito!!

O custo de uma ilusão

Você sabe quanto custa nos levar a crer que vivemos em uma democracia?
Consegue imaginar, tem idéia, de uma maneira melhor de gastar esse dinheiro, de modo a trazer efetivos benefícios à população?

Pois é. Eles não têm essa idéia ou não têm essa preocupação. Ou ambos.

Do Última Instância. Confira.

O custo total da campanha dos candidatos nas eleições de 2010, considerando apenas o primeiro turno, chegou a R$ 2,77 bilhões, segundo levantamento divulgado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O valor equivale a metade de tudo que será gasto em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a reforma dos aeroportos visando a Copa do Mundo de 2014.

As prestações de contas apresentadas ao TSE apontam um gasto médio de R$ 20,41 por eleitor. A conta não inclui os candidatos que concorreram no segundo turno à Presidência da República e ao governo de oito Estados e do Distrito Federal. Esses têm até esta terça-feira, dia 30, para prestar contas à Justiça Eleitoral.
Os números, no entanto, são maiores do que o divulgado, já que a pesquisa inclui despesas de comitês financeiros e partidos políticos, as chamadas doações ocultas.

O Estado de São Paulo, maior colégio eleitoral (concentra 22,31% do eleitorado nacional), teve também a campanha mais cara. Os 2.552 candidatos paulistas gastaram R$ 482,04 milhões. Com 30.301.398 eleitores, a campanha em São Paulo teve um custo médio de R$ 15,91 por eleitor. Em segundo, ficou Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, onde a campanha custou R$ 336,65 milhões, com gasto médio de R$ 23,18 por eleitor. Na sequência ficou o Rio de Janeiro, terceiro colégio eleitoral – R$ 211,62 milhões, média de R$ 18,26 por eleitor.

Os dois Estados que apresentaram menores gastos de campanha ficam na região Norte do país. No Amapá, 237 candidatos prestaram contas revelando gastos de R$ 12,13 milhões. Mas esses números devem crescer, já que a eleição para governador foi decidida apenas no segundo turno. O segundo estado com menor despesa foi o Acre: R$ 15,2 milhões gastos por 315 candidatos. O estado tinha 470.975 eleitores aptos.

Proporcionalmente ao número de eleitores, contudo, o recorde de gastos foi em Roraima, estado com 271.890 pessoas inscritas no cadastro eleitoral. Os 413 candidatos que prestaram contas em Roraima declararam custos de R$ 26,18 milhões.  A média por eleitor ficou em R$ 96,30. Também houve segundo turno no Estado.

Congresso caro

As disputas para os cargos de deputado federal e deputado estadual/distrital foram as que mais despenderam recursos em valores absolutos. Em todo o Brasil, as eleições para a Câmara dos Deputados e para as Assembléias Legislativas, de acordo com os dados prestados pelos próprios candidatos, resultaram em gastos da ordem de R$ 1,83 bilhão, ou 66,13% do total de R$ 2,77 bilhões gastos por todos os candidatos que disputaram o primeiro turno.

Para tentar uma das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, 4.658 candidatos em todo país declararam à Justiça Eleitoral gastos que somaram R$ 908,20 milhões. A despesa média foi de R$ 194,98 mil por candidato e de R$ R$ 6,70 por eleitor. Goiás foi o estado que teve a maior despesa média por candidato – R$ 488,27 mil, resultado dos gastos de R$ R$ 55,17 milhões feitos pelos 113 candidatos que prestaram contas. No cálculo por eleitor, Roraima teve a eleição mais cara para deputado federal: foram gastos, em média, R$ 48,26 por eleitor.

Para o Senado, 248 candidatos prestaram contas, informando a realização de despesas de R$ 353,46 milhões, média de R$ 1,43 milhão por candidato.  Para a Câmara Alta, a eleição em todo Brasil custou, em média, R$ 2,61 por eleitor.

Os dez candidatos ao Senado pelo Rio de Janeiro que prestaram contas revelaram gastos de R$ 31,58 milhões, uma média de R$ 3,16 milhões por candidato, a mais alta do Brasil. Os 5 concorrentes ao Senado pelo Acre, por outro lado, revelaram gastos de R$ 523,98 mil, o que dá uma média de R$ 104,80 mil, a menor de todos os estados.

Com média de R$ 13,57 por eleitor, Roraima apresentou a eleição mais cara do país nesse quesito. E no maior estado da federação em número de eleitores, São Paulo, 12 candidatos informaram despesas de R$ 27,25 milhões, levando ao menor custo médio por eleitor de todo país: R$ 0,90.

Estados

As disputas para os governos estaduais foram as que apresentaram maiores médias de gastos por candidato. 141 pretendentes revelaram, até o momento, despesas de R$ 560,52 milhões, o que significa uma média de R$ 3,98 milhões por candidato. Esses dados também devem sofrer alterações com as prestações de contas dos candidatos que disputaram segundo turno.

No cálculo por eleitor, o pleito para as chefias dos poderes executivos estaduais custou em média, até o momento, R$ 4,13.

Já para os 1.059 cargos de deputado estadual/distrital, 11,63 mil candidatos em todo o Brasil informaram gastos de R$ 924,8 milhões. Na média por candidato, a despesa foi de R$ 79,53 mil. Por eleitor, R$ 6,82. Roraima teve o maior custo médio por eleitor na disputa para a Assembleia Legislativa: de acordo com dados apresentados pelos candidatos, foram gastos R$ 32,27 por votante. A menor média foi registrada na Paraíba: R$ 3,52. Já Mato Grosso teve a eleição com maior média de gasto por candidato a deputado estadual: R$ 150,57 mil. A menor média por candidato a esse cargo foi em Roraima: R$ 25,28.

Dados

As informações utilizadas no levantamento dizem respeito apenas aos candidatos que prestaram contas à Justiça Eleitoral. A pesquisa inclui, ainda, informações de candidatos a vice-governador e a suplente de senador que apresentaram as contas de campanha. Até o momento, o sistema mostra que 16,7 mil candidatos prestaram contas referentes ao primeiro turno.

Os R$ 2,77 bilhões citados no início desta matéria incluem ainda os gastos informados pelos sete candidatos a presidente da República e respectivos vices que não participaram do segundo turno, no montante de R$ 24,44 milhões.

Mas vocês hão de convir comigo: pelo preparo e espírito patriótico desses cidadãos eleitos, valeu cada tostão, não?

Rio de Janeiro

Duas excelentes abordagens sobre o que está havendo no Rio:

O CIRCO ARMADO, de Lunarscape  e OMISSÃO PRODUTIVA, de BSchopenhauer.
Ambos no blog Veneno Veludo.

Ganhei coragem

De Rubem Alves. Vale a leitura.

“Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece“, observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, ledor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora quando a coragem chega: “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos“. Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre que me calei: “O povo unido jamais será vencido“: é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo“ tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo... Não sei se foi bom negócio: o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de televisão que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse, na montanha, para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os 10 mandamentos. E há estória do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou... Passado muito tempo Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos... E que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre...“ Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta. Mas sabia que ela não era confiável. O povo sempre preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhes contavam mentiras. As mentiras são doces. A verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos o circo era os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro O homem moral e a sociedade imoral observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pelas quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham. Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus Cristo foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a Revolução Cultural na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O mais famoso dos automóveis foi criado pelo governo alemão para o povo: o Volkswagen. Volk, em alemão, quer dizer “povo“...

O povo unido jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos... Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio, não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol (tive a desgraça de viajar por duas vezes, de avião, com um time de futebol...). Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno“, à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: “Caminhando e cantando e seguindo a canção...“ Isso é tarefa para os artistas e educadores: O povo que amo não é uma realidade. É uma esperança.

Rapidinha...

Bom dia. 
Apareço, infelizmente, para justificar a ausência (há 6 dias), decorrente de excesso de trabalho.
Evidentemente, tenho acompanhado os acontecimentos e pretendo voltar em breve, abordando, em especial, dois assuntos: ¹a necessidade de um Judiciário forte, com credibilidade, para a consolidação de uma plena democracia e ² a efetiva necessidade de termos um Estado, considerando o que temos atualmente.
Espero em breve estar de volta.

João Pereira Coutinho, tim-tim!!

Vi publicado no Se entrega Corisco! Eu não me entrego não

Me senti homenageado.


Os heróicos 3%

Passei meus últimos dias com a cabeça mergulhada no Brasil. As eleições, sim, as eleições: na TV ou nos jornais portugueses, a minha tarefa era explicar aos patrícios o que sucedia desse lado do Atlântico. Li muito. Escutei bastante. Perguntei idem.
Mas de tudo que li, escutei ou aprendi, nada me perturbou tanto como saber que Lula deixa o Palácio do Planalto com 82% de aprovação popular.
Minto: o que me impressiona não são os 82%; o que me impressiona são os 3% de brasileiros que desaprovam o governo Lula e que não embarcam no entusiasmo geral. Como são solitários esses 3%! E como são heroicos! É preciso coragem, e uma dose invulgar de realismo e sensatez, para não ser atropelado pela multidão desgovernada. Quem serão esses 3%? Gostaria de os conhecer, de os convidar para minha casa, de beber com eles à liberdade e à democracia. Vou repetir, quase com lágrimas nos olhos: 3%!
Não nego: Lula teve méritos econômicos evidentes. Arrancar 20 milhões da pobreza não é tarefa insignificante; e ter um país com crescimentos anuais de 6% ou 7%, enfim, uma miragem para quem vive na Europa. Se o Banco Mundial acredita que o Brasil será a 5ª economia do mundo no espaço de uma geração (obrigado, “The Economist”), Lula teve um papel nesse caminho. Mesmo que o caminho tenha sido preparado por Fernando Henrique Cardoso.
Mas quando penso nos solitários 3% que desaprovam Lula; quando penso nessa gente residual, marginal, divinal, penso em todos os casos de corrupção que abalaram os governos petistas e que seriam intoleráveis em qualquer país civilizado do mundo. Penso nos ataques e nos insultos que Lula desferiu contra a imprensa mais crítica. Penso na forma como Lula usou o seu cargo para, violando todas as leis eleitorais (e do mero decoro democrático), eleger Dilma Rousseff. E penso, claro, na política externa de Lula.
Sou um realista. Países democráticos não lidam apenas com democracias; por vezes, nossos interesses estratégicos ou econômicos exigem que sujemos as mãos com autocracias, teocracias, ditaduras e aberrações políticas. Mas devemos fazer isso com decoro; envergonhados; como um cavalheiro que frequenta o bordel e não faz publicidade de seus atos.
Os 3% que desaprovam Lula, aposto, desaprovam a forma indigna como ele elegeu Ahmadinejad seu amigo; como manteve relações amistosas com Chávez; como foi displicente perante os presos políticos cubanos.
Acompanhei as eleições brasileiras. Comentei-as. Escrevi a respeito. Mas, nessa hora em que Lula sai para Dilma entrar, os meus únicos pensamentos estão com os 3% que não perderam a cabeça e mantiveram-se à tona da sanidade.
Nessa noite fria de Lisboa, um brinde a eles! 
(João Pereira Coutinho)

Petista mente mais porque é cínico...

... ou é cínico porque mente mais?

Assista a esse excelente vídeo do @rafasoli: O PT E O CINISMO MILITANTE.

É só clicar ao lado.

Tá alta!! (De 0 a 10, brasileiro dá nota 4,55 para Justiça, diz Ipea)

Se tivesse sido entrevistado, com certeza daria nota (bem) inferior a essa média de 4,55.
A enorme maioria dos juízes trabalha pouco e mal; se preocupa basicamente com seus vencimentos (e benesses, como as absurdas férias de 60 dias) e em procurar razões para não adentrar ao mérito da maioria das questões, se apegando (e muitas vezes criando) motivos para não julgar, para não distribuir Justiça.
Não se iludam, para a enorme maioria dos juízes que compõe o Judiciário, o que menos preocupa é exatamente a razão de existirem: distribuir Justiça,  garantir estabilidade e segurança às relações.
Os julgamentos a que a maioria dos brasileiros teve acesso (ou oportunidade de assistir) com decisões longas, fundamentadas, grandes discussões e debates, só existe quando o assunto é capa de jornal, ou seja, quando os Digníssimos estão em frente às câmeras de TV. Afora esses casos... Humpf!!
Boa parte dos juízes é medíocre, levada por personalismos e espírito de corpo . Sequer lê o processo, sobre o qual deve decidir, na íntegra.
E não estou falando de corrupção, desvios, patrocínios em seminários no litoral nordestino, nada. 
A nota baixa se deve exclusivamente ao mau serviço, à incompetência, ao descaso (ou vagabundagem, falando português claro).
Já passou - há muito - do momento de se reformar o Poder Judiciário, para que a ele possamos voltar a nos referir em maiúsuculas.

Saiu na Folha.

Como fazer oposição?

Mais um texto magistral de Roberto Da Matta, que saiu no Estadão de hoje.
Vale o registro e a leitura.


Como ser oposição se um dia chegamos ao governo e, o poder é muito mais um instrumento capital para retribuir favores e não para tentar melhorar o mundo, servindo a este mundo? Se tudo se dividia entre nós e eles, mocinhos e bandidos, revolucionários e reacionários, vira de ponta-cabeça e agora "nós" somos "eles", como fazer? Normalmente, vamos por parte. Os mais próximos, primeiro; depois os outros e o que sobrar, vai para a sociedade. Mas o que ocorre quando a demanda igualitária aumenta e a mídia aproxima governo e governados, revelando suas incríveis proximidades? Mostrando como os hábitos ficam, embora a ideologia troque de lugar? Exibindo que, no fundo, todos são muito mais parecidos do que pensávamos? 

A resposta, amigos, se resposta existe, é que não pode haver oposição se não há uma efetiva diferença. Democracia tem truques, mas ela não suporta uma ética de condescendência, um espírito com dois pesos e medidas. 
 
Leia a íntegra aqui.

E agora, José? (ou, tarde vem o que nunca chega)

Saiu no Cláudio Humberto, agora:

O Superior Tribunal Militar acaba de liberar os arquivos dos processos onde figura como ré a presidenta eleita Dilma Rousseff, dos tempos do regime militar. O acesso aos documentos havia sido solicitado há meses, em ação, pelo jornal Folha de S. Paulo.

Sem ilusões

"Se o povo é analfabeto, só ignorantes estarão em termos de o governar. Nação de analfabetos, governo de analfabetos."
Rui Barbosa

Fazendo coro com o movimento #apoiohaddad, pela mantença do Ministro da "Educação" (?) no governo Dilma, um eterno ciclo vicioso.


Reprovados!!

O palhaço foi aprovado no teste: é alfabetizado.
Nós, alfabetizados, por outro lado, temos sido reprovados: somos palhaços.



A falta de reação às barbaridades que se perpetuam - como só ia acontecer - estão me matando. Volto amanhã  ao assunto, já que hoje não estou em condições. O tempo de São Paulo acaba com a saúde de qualquer um.

Falando em instituições que não funcionam....

Vocês devem ter lido que, voltando de Seul, a presidente eleita, Dilma, mudará, de mala e cuia para a Granja do Torto (se não viu, leia aqui).

Há um pequeno detalhe nessa operação: Dilma foi eleita, mas ainda não foi empossada. No momento, não é funcionária pública, servidora pública, não é nada.

Até 1º de janeiro de 2011, ela pode morar lá tanto quanto eu, o Sr. Ninguém.

E aí, "Instituições da República"? Alguém vai tomar alguma providência ou deixarão que ela ocupe - a que título? - a Granja do Torto antes de legalmente permitido? Alguém se manifesta? Alô, oposição?? Tem alguém aí?

Verdadeiramente chocante

Escândalos decorrentes de corrupção ou incompetência não me "escandalizam" mais... Há muito tempo.
Desculpas esfarrapadas ou a falta de satisfação de nossos desgovernados governantes à Nação, também perderam esse poder.
A inação de nossas "instituições"? Ainda me causa alguma revolta - afinal, são pagos (por nós) para trabalhar e não cumprem sua finalidade... mas não chegam a me chocar. Não mais.

Estou quase apático.Mas há uma coisa que ainda me choca, me faz sair desse estado de apatia: a idiotia coletiva que assola por essas plagas...

Depois da última palhaçada (ENEM), a um custo de R$ 6,191 milhões, com falhas as mais diversas, enquanto se discutia se a prova deveria ser ou não anulada (o que geraria novo custo de impressão, de armazenamento, de distribuição, de mão-de-obra, afora o deslocamento de milhões de estudantes, a ficarem mais um final de semana à disposição do MEC), enquanto se discutia quantos alunos foram prejudicados,  a incompetência do Ministro (que chegou ao absurdo de afirmar que não foi tão grande assim o número de alunos prejudicados), enquanto o MEC ameaçava os estudantes pelo Twitter (veja aqui), assisti perplexo a diversas manifestações criticando os "críticos".

Um jornalzinho, cujo nome sequer vou divulgar, voltado a comunidade jurídica (pasmem!!), a respeito do assunto chegou a questionar: "Será que não se está fazendo tempestade em caixa-d'água neste caso do Enem? Parece-nos que o fato mais grave da prova foi a troca dos títulos no cartão de resposta, que evidentemente causar confusão. De resto, parece blábláblá demais para pouca coisa."(!!)

Paralelamente, foi dado início a um movimento no Twitter: #apoiohaddad. Entre inúmeras idiotices, me deparo com frases como essas (e graças à Deus a rede só aceita 140 caracteres):

@katiaperuca: Ministro Haddad nocauteou pretensos donos do Brasil no BOM PIG BRASIL. Parabéns ministro!

@Icaruslf: O maior problema relacionado ao Enem são os estudantes.

@lohujs: Estudantes de todo País graças ao PIG voces irão fazer o ENEM de novo...  

@Elis_Moura: + um jogo político para prejudiciar o ENEM. Os bolsistas do Prouni que começaram 2 meses depois dos demais esse ano q o digam

@AntonioBrabo: Haddad é um nome que o PT tem para a eleição de 2014 a Prefeitura de Sampa. Desacreditá-lo faz parte dessa estratégia do PIG .

Não inventei as frases acima. Juro. É só buscar no Twitter. Estão lá. 

Quanto se assiste a um festival de sandices deste porte, não dá para acreditar que, tão já, o Brasil vá deixar de ser o eterno "País em desenvolvimento" e passar, efetivamente, a ser desenvolvido.

Inversão de valores instituída

Embora me pareça claro, acima de qualquer dúvida, que o MEC é o responsável pelos erros do ENEM, se alguém imagina algo diferente, leia a matéria da Veja sobre o assunto: Segundo edital, MEC é responsável por falha na impressão das provas do Enem.

Pois bem, apesar de ser absolutamente incompetente, responsável direto por erros que vem prejudicando os estudantes, anos a fio, agora que a inversão de valores (segundo a qual a vítima é sempre culpada) está instituída e cada vez mais, menos direito temos a "reclamar" sequer, o MEC está ameaçando, "por meio do Twitter oficial do órgão (@MEC_Comunicacao), processar estudantes que "tumultuaram" o Enem 2010 através da rede social. Com linguajar inapropriado, a assessoria de comunicação do MEC diz que está "monitorando" os candidatos: "Alunos que já 'dançaram' no Enem tentam tumultuar com msgs nas redes sociais. Estão sendo monitorados e acompanhados. Inep pode processá-los"."

É isso aí. A garotada já está pagando caro pela falta de visão dos 56 milhões de eleitores (além dos 29 que se abstiveram de votar).

Leia a íntegra do absurdo no Blog do Aleluia.  

E.T.: Lula não ia levar Haddad em sua comitiva para a África? Quando embarcam?

Dilma, o cofre e as indenizações

Muito oportuna a matéria publicada no Prosa & Política de Adriana Vandoni: Há algo de muito podre dentro do armário da nova presidente.

Volta (ou continua) a discussão de que teria ela sido (ou não) "barbaramente torturada" e se delatou ou não seus "companheiros".

O artigo informa: 

"O historiador o historiador Carlos Fico, da UFRJ e coordenador-geral  do Centro de Referências das Lutas Políticas no Brasil, criado pelo governo federal para reunir e divulgar os documentos secretos do regime militar anunciou a sua renúncia (3/11). A decisão, segundo ele, foi tomada depois que o Arquivo Nacional passou a negar para pesquisadores acesso aos acervos da ditadura “sob a alegação de que jornalistas estariam fazendo uso indevido da documentação, buscando dados de candidatos envolvidos na campanha eleitoral”." 

E esclarece que "o Arquivo Nacional é uma instituição brasileira ligada diretamente à Casa Civil, da Presidência da República, responsável pela gestão da produção documental da administração pública federal. Portanto quem está bloqueando as informações é a Casa Civil."

Há 10 dias atrás, evidentemente, o conteúdo dos arquivos era ainda mais relevante, necessário para uma eleição limpa, para se conhecer os candidatos. 
Lamentavelmente, o Poder Judiciário (STF e STM), acionados por Polibio Braga e pela Folha de São Paulo, como se sabe, não nos permitiram conhecer a então candidata e agora,presidente eleita. Nem em nome da democracia. 

A Ministra Carmem Lúcia, do STF, barrou o processo da Folha. O do Políbio ainda está na mesa do Ministro Marco Aurélio de Melo, também do STF. Não se sabe quando nem se, se dignará a apreciá-lo.

Mas a questão não perdeu a relevância.

No dia 3 de novembro, primeiro dia útil pós-eleição,  o Ministério Público Federal em São Paulo ajuizou ação civil pública contra quatro militares reformados. Eles foram acusados de participação na morte e no desaparecimento de, pelo menos, seis pessoas e de torturar 19 presos políticos detidos pela Oban (Operação Bandeirante ), montada pelo Exército no final da década de 1960, durante o regime militar. Na petição inicial, diversas páginas com citações "a casos de tortura contra a presidenta eleita Dilma Rousseff, presa e torturada em 1970" ajudam a embasar a ação.
A ação objetiva obter a responsabilização civil  (leia-se, indenização) dos envolvidos com violações de direitos humanos durante o regime militar. 
 
Paralelamente, há que se lembrar que a presidente eleita move um processo contra o País que irá governar pedindo "reparação econômica pelos anos de perseguição da ditadura e também contagem de tempo para aposentadoria." (nada demais, o atual presidente já recebe, há muitos anos, os frutos da ação que moveu contra o Brasil...) 
Em minha modesta opinião, necessário se faz, ainda, abrir o cofre.

Procura-se um partido político

Na postagem anterior mencionei que se, dependermos dos partidos que atualmente se autodenominam "de oposição", estamos fritos. Sugeri, ainda, a possibilidade de virmos a ter, antes de 2012, um partido forte, de real oposição.

O Coronel, do Coturno Noturno, nessa linha de raciocínio, fez uma colocação bastante feliz, sobre os anseios dos milhões de eleitores que votaram contra esse governo que aí está:

"...algo de muito importante está acontecendo na sociedade brasileira, que é muito fácil de definir: um enorme contingente de brasileiros e brasileiras estão procurando um partido político que tenha a sua plataforma muito clara, que não fique surfando nas águas das alianças fáceis e dos conchavos interesseiros. Este contingente não está nem aí para vencer ou perder eleições. Quer ver, antes de tudo, os seus valores defendidos com unhas e dentes, sem concessões. O partido político que tiver sensibilidade para "ler" o que está acontecendo no Brasil e começar um movimento organizado que incentive a base poderá ser premiado, muito antes do que imagina., com estrondosas vitórias nas eleições de 2012.  O que estamos vendo, hoje, é que existe um eleitorado de oposição no Brasil que, mesmo com alta capacidade de mobilização e ativação política, está completamente abandonado e só é convocado para virar  tropa de choque em época de eleições. Este eleitor quer ser mais do que isto. Quer e pode." (íntegra aqui).

Depois dessa colocação, que deixa clara, a meu ver, a nossa sensação de abandono,  nossa frustração por não sermos representados, pouco resta a dizer. 

Fica a questão: algum partido político se habilita?

Novo abaixo-assinado, muito além da CPMF

Mais uma vez, a Jurema (Casa da Mãe Joana) foi extremamente feliz.

Divulga a existência de mais um abaixo-assinado contra a CPMF (eles se recusam a entender que não aceitaremos mais impostos): Manifesto Popular contra a volta da CPMF ou Tributo Similar e esclarece: não se trata, apenas, de reafirmar que não aguentamos mais pagar impostos. 

"É muito mais do que isso.  É a forma de mostrar ao governo PTista que NÃO FARÃO TUDO O QUE QUISEREM, independente da nossa vontade . Vamos provar que  O POVO NÃO SERÁ UM CORDEIRINHO, UMA FIGURA INERTE."

Assim, quem ainda não assinou, aproveite e assine aqui.

E.T.: Ao que tudo indica, continuaremos sem oposição. 
Quem deveria estar encabeçando esse movimento - com muito mais estrutura e meios  - são os chamados partidos de oposição. 
À essa altura, já deviam estar organizando passeata nas ruas de todos os estados brasileiros. 
Claro, se dependermos deles, estaremos fritos. Façamos nossa parte. 
Quem sabe, antes de 2012 tenhamos a felicidade de ver surgir um partido forte, de oposição real.

Quem não tem competência, que não se estabeleça!!

Há um velho ditado que diz que quem não tem competência não deve se estabelecer. É o que temos visto ano após ano com o Ministério da Educação. Uma vergonha.

Não passa um ano sequer sem que apareça algum problema com o tal do ENEM. 
Já tivemos de tudo: desde "vazamento de provas", divulgação indevida de dados de estudantes, exames anulados.

Hoje, mais um episódio.

Um exame ridículo - para dizer o menos - que efetivamente não avalia a qualidade do estudante, cheio de restrições:
- o aluno tem que chegar uma hora antes do início (12:00hs)
- só pode sair depois de duas horas de iniciado o exame (15:00hs)
- se quiser levar o caderno de questões para conferir do gabarito, só pode sair após às 17:00hs
- não pode portar lápis ou borracha
- apesar do fator tempo ser fundamental em tal exame, não pode portar nem mesmo um relógio

Depois de ficar mais de 5 horas à disposição do Ministério o jovem corre o risco de ver mais esse exame anulado. Como a anulação não é certa, vai ficar outras 5 horas à disposição amanhã, novamente.

Por que? Porque apesar de tantas exigências e restrições, os incompetentes não tem capacidade de elaborar uma prova com o gabarito correspondente.

Nessa semana, tomamos conhecimento que o nível do IDH do Brasil está prejudicado pelo péssimo nível da nossa educação (que está abaixo da média da América Latina).

Pois então. Noutro dia, lembraram de uma frase, cuja autoria desconheço: o PT é formado por dois grupos, um de pessoas incapazes, outro de pessoas capazes de tudo.

O Ministro da Educação, quer parecer, pertence ao primeiro grupo. Se tivesse vergonha na cara, já teria renunciado há muito tempo!

Acredito que seja consenso entre (pelo menos) 44 milhões de brasileiros

Falo por mim: concordo integralmente com o Coronel.

1. "deputados e senadores tucanos devem fazer oposição sem enfeites, com enfrentamento de linhas duras e retas"


2. "o partido não deve dobrar a espinha para Aécio Neves"

3. "não sejam "generosos" com Aécio Neves. Alguns milhões de eleitores, contando com a memória viva da blogosfera e das redes sociais, não serão "generosos" com os fracos e os traidores."

Leia a íntegra no Coturno Noturno.

E lembro que afora os 44 milhões de brasileiros que votaram contra o governo que aí está, existem mais de 29 milhões de eleitores que não votaram. Não falta espaço. Já passou da hora de irem atrás dele...

Expectativas em relação à Dilma Roussef

Em cinco pontos, algumas de minhas expectativas em relação ao governo Dilma Rousseff. 

Um artigo de Bolívar Lamounier que vale a pena ser lido.

Se chegar à destinatária e ela aproveitar alguma coisa dele, quem ganha é o Brasil.

Algumas ponderações pós-eleições


Por tudo que consta nesse blog, acho que ninguém tem dúvida que, dentre os candidatos à Presidência da República do Brasil que se apresentaram para ocupar o cargo, eu havia escolhido José Serra.

Dentro de minhas inúmeras limitações de tempo e dinheiro e das limitações próprias, decorrentes do fato de ser ninguém, apenas (mais) um cidadão insatisfeito com os rumos que vêm dando a meu País, acredito ter feito o que estava ao meu alcance para que esse candidato fosse o eleito. Não foi.

Com a cabeça um pouco mais fria, ponderando sobre todo o havido nessas eleições presidenciais de 2010 e sobre os comentários que tenho lido de analistas políticos, blogueiros, dos próprios políticos, algumas lições começam a ser delineadas, algumas conclusões já podem ser tiradas.

A primeira e a mais evidente a meu ver é que não tivemos oposição nos últimos 8 anos. Essa falta de oposição efetiva é a primeira grande razão para que Lula tivesse crescido tanto aos olhos do povo (ainda que não acredite na popularidade que as pesquisas apontam – e não acredito mesmo -, sei que ela é muito maior do que a que faria jus).

Essa falta de oposição é a grande responsável pelo quase endeusamento daquele que (ainda) está Presidente e permitiu a ele, com a complacência clara (diria cumplicidade quase criminosa) dos meios de comunicação em geral (salvo honrosas exceções) e daqueles que deveriam zelar pela aplicação das leis e Constituição Federal, ainda vigentes: Ministério Público, Poder Judiciário e Ordem dos Advogados do Brasil (não necessariamente nesta ordem) que atropelasse a legislação em vigor, achincalhasse as instituições, a democracia, a oposição e a nós, grande parte do povo brasileiro que não o aprova e para os quais ele assumidamente não governa: "a turma do contra".

Sem sombra de dúvidas, essa é, a meu ver, a principal razão da mantença do PT no Governo Federal. Se oposição houvesse sido feita no correr desses últimos anos – e não falo de oposição burra, sistemática, mas razões legítimas não faltaram para que se opusessem – o quadro de início da "corrida eleitoral" já seria outro.

Agora, não adianta passar 8 anos dizendo amém a todas as bobagens de Lula, não o desmentindo quando delirava afirmando aos quatro ventos que o Brasil antes dele não existia, entre outras coisas, e meses antes da disputa eleitoral (chegando ao absurdo de usar a imagem do próprio Lula em seu programa eleitoral) se apresentar como "oposição".

Oposição nesse País, como bem disse meu amigo Paschoal, O Copista, somos nós.

Assim sendo, considerando apenas esse aspecto, já vi como um milagre que Serra tenha passado para o segundo turno.

Em verdade, ele passou ao segundo turno com um quadro extremamente vantajoso para si: foram 47.651.434 de votos em Dilma, pela "continuidade", e 53.938.719 de votos que, pelas mais diferentes razões, não queriam a tal continuidade. E ele não soube aproveitar o recado.

O segundo fator determinante foi a presença incômoda, ilegal, inconstitucional, agressiva, daquele que deveria estar na Presidência da República. E todos se calaram. Ninguém, nenhuma das instituições brasileiras foi capaz de tomar uma atitude efetiva para colocar aquele senhor em seu devido lugar, deixando claro para ele – e para o resto da Nação – que Presidente da República não pode sair falando qualquer asneira que lhe passe pela cabeça, que, no cargo que ocupa, não há "horário de expediente". Ele o é (ou deve sê-lo) em período integral. Mas nós, povo, anônimos, ficamos "entregues" pela absurda inação das instituições.

E aqui vem uma crítica a um artigo do Ricardo Setti, no qual ele afirma que Dilma ganhou as eleições limpamente. Não ganhou:

Não foi limpo, legal, nem digno, o comportamento de Lula.
Não foi limpo, legal, nem digno, esconderem em um cofre a biografia da então candidata, da população.
Não foi limpo, legal, nem digno, usar dinheiro e máquinas públicos, para fazer propaganda.
Não foi limpo, legal, nem digno, o recolhimento dos panfletos encomendados pela Diocese de Guarulhos (como, aliás, agora, após as eleições, informa a Procuradoria Geral Eleitoral, vejam no Reinaldo Azevedo).
Não foi limpa, legal, nem digna, a condução das "investigações" pela Polícia de Lula (antiga Polícia Federal) sobre a quebra de sigilo bancário ou sobre a corrupção que campeou a Casa Civil.
Poderia arrolar aqui inúmeras, mais inúmeras outras sujeiras, ilegalidades e indignidades. Espero voltar, ainda a esse assunto, que não complemento no momento por absoluta falta de tempo.

Então, Ricardo Setti, não me venha dizer que as eleições foram ganhas limpamente. Não foram. Foram uma vergonha para a Nação (decente e esclarecida).

Quero salientar que, apesar de ter tudo isso muito claro, não estou pregando, nem jamais pregaria, qualquer tipo de "golpe" contra as eleições realizadas e reconhecidas como legítimas.

Defendo a estabilidade das relações. Não defenderia, jamais, algo que abalasse tal estabilidade.

Defendo a lei. Defendo a Constituição Federal. Estas, já foram (e muito) feridas. Espero que tenhamos aprendido e não deixemos que essa vergonha torne a acontecer.

Um terceiro fator - e parece claro para maioria dos oposicionistas – foi a falta de engajamento, de comprometimento, do Senador Aécio Neves. Ele, por si, não seria, quem sabe determinante. Mas poderia ter colaborado muito mais, se empenhado muito mais. Mas ele não teve interesse.

Quanto a ele, sei que em futuro breve, colherá o que plantou (ou deixou de plantar) nessas eleições. Mas o PSDB deveria repensar a situação dele no partido. Deveriam aprender com o PT. Vejam que Fernando Pimentel está sendo hostilizado por ter "traído" a companheirada, por ter se associado justamente com Aécio...(leiam no Claudio Humberto). Não defendo, evidentemente, a hostilidade, mas lá no PT as coisas são muito bem definidas (no que estão absolutamente certos): ou estamos juntos ou não estamos. Não há espaço para se estar "meio junto".

E o quarto fator, acho que vocês devem estar de acordo, foi a propaganda eleitoral, excessivamente "light", considerando todo o acima exposto.  A cada novo programa esperávamos algo um pouco mais duro, que Serra mostrasse um pouco mais de firmeza, de indignação... E ficamos a ver navios.

Por fim, aprendam a falar a língua do povo.

O eleitor tem mais facilidade – por incrível que possa parecer (a mim parece) – em entender o que a Dilma está tentando dizer, o que o Lula fala quando assassina a língua pátria, do que o que vocês dizem. É triste? Muito. Mas é a realidade.

Partidos de oposição, fica, então, esse recado: são, pelo menos, 43.711.388 de pessoas na oposição. E queremos oposição. Volto a frisar, não é oposição burra, sistemática, mas é tolerância zero mesmo.
Não deixem passar nada, absolutamente nada de errado. "Metam a boca no trombone" a cada irregularidade, a cada desvio de verba, a cada tentativa de censura.

Escutem a população que está insatisfeita. Procurem atendê-la. Como "turma do contra", já não temos ninguém por nós. Usem o espaço de que não dispomos e ajam efetivamente como oposição.

E comecem ontem.

Se for para fazer diferente, fica mais bonito que "joguem a toalha", desistam. Nós não desistiremos.